Texto base - LUCAS 22.39-40
"E saindo, foi, como de costumava, para o monte das Oliveiras; e também os seus discípulos o seguiram. (Lc 22.39)
"Então,
chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus
discípulos: assentai-vos aqui, enquanto vou além orar." (Mt 26.36)
Primeiramente,
podemos observar que Jesus tinha o hábito, o costume, a rotina de orar
no Monte das Oliveiras, lugar onde se situa o Jardim do Getsêmani.
Vejamos o que está escrito em Lucas 21.37-38: "Jesus ensinava
todos os dias no templo, mas, à noite, saindo, ia pousar no monte
chamado Oliveiras. E todo povo madrugava para ir ter com ele no templo."
Lucas 5.16: "Porém ele retirava-se para os desertos e ali orava."
Se
Jesus, sendo o próprio Deus encarnado, buscava a oração com
perseverança, porque nós deveríamos agir de modo diferente? Acima,
pudemos perceber que Cristo tinha como rotina a oração, sendo fácil
concluir que esse costume estava em sua "agenda".
Na
agenda de Jesus havia oração. Se em sua agenda havia espaço para a
oração (e olha que era cheia!), porque nós deveríamos agir diferente?
Mas,
cabe perguntar, porque Jesus valorizava tanto a oração? Dentre tantos
motivos, cabe falar que ele amava a seu Pai, amava a Deus.
E
no tocante e nós, porque orar? Em primeiro lugar, Deus nos presenteou
com a oração porque, por meio dela, tendo como nosso Mediador Jesus
Cristo, temos acesso direto e comunhão com o Pai. Também, quanto mais
oramos, da maneira correta, mais nos focamos aos propósitos eternos do
Reino de Deus, mais nos envolveremos.
Houve
um período do ministério de Cristo, onde ele sentia os apertos das
multidões. Não obstante, desejava estar em oração com o Senhor, nos
cantos desertos, mesmo que à custa de seu próprio sono.
Como está nossa agenda? E os nossos compromissos?
A
ênfase não é dar um tempo para Deus ou para exercer um rito religioso.
Por isso, é necessário ter cautela. O enfoque está na comunhão com
Jesus.
"As
coisas tem sido tão corridas, tem ocorrido tantos imprevistos, sem
contar nas tantas tribulações pelas quais tenho passado... Mas agora
estou contigo, meu Deus, meu descanso. Este canto é meu e seu."
O
Senhor Jesus tinha um cantinho onde permanecia com Deus, com o Pai.
Cabe perguntar: Como discípulo de Jesus, você tem um canto, só seu e de
seu Pai celeste? Você pode me responder: "Não! Na minha rotina sempre há pessoas à minha volta."
Agora
tenho mais um motivo para você amar mais a Jesus! Porque ele também
tinha no seu dia-a-dia pessoas (muitas) em derredor; ora eram multidões
apertando-o, ora os discípulos indagando-o, sem contar nas ameaças de
morte que sofrera.
Nosso
querido Mestre, tinha suas guaritas, seus refúgios, e um deles era o
monte das Oliveiras. Novamente, você já tem o seu canto, o seu "monte
das Oliveiras"?
A
pergunta não se refere de modo literal. Mas a prática da oração de
Jesus segue o seu próprio ensino sobre oração. Quando orares, entra no
teu quarto (aposento) e ore ao teu Pai em secreto e, em secreto, Ele te
recompensará.
Podemos
supor que Jesus por ser muito procurado e demandado não conseguiria
orar por muito tempo num quarto normal; por isso, buscava lugares
solitários e orava. Um desses lugares, repito, era o Monte das
Oliveiras, o seu "quarto secreto".
"E quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação." (Lc 22.40)
É
importante observar o intuito dos passos de Jesus. Qual era o objetivo
do Mestre ao adentrar no Jardim do Getsêmani? Oração. De modo
semelhante é a situação situada em Lucas 9.28-29, no evento conhecido do "Monte da transfiguração".
No
versículo 28 observamos que o objetivo de Cristo ao subir neste monte
foi orar. De modo surpreendente, suas vestes ficaram brancas e
resplandecentes , bem como seu rosto transfigurou. Muito embora tivesse
ocorrido tal evento sobrenatural, a intenção de Jesus ao deslocar-se
para lá era orar.
Será
que fazemos isso? Procuramos intencionalmente um local e lho avaliamos
e, ao final, decidimos buscar ao Pai em oração? Poderá ser nosso quarto
ou qualquer outro canto.
"E apartou-se, deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava,(...)" (Lc 22.41)
Aqui
em Lucas não está explícito até este ponto o grau de tristeza pelo qual
estava Jesus passando. Nas narrativas de Marcos e Mateus, é flagrante
que Jesus já havia entrado no Jardim do Getsêmani com tristeza. Qual a
dimensão de tristeza de Jesus? "A minha está cheia de tristeza até a morte." Mais
adiante nota-se que o Mestre prostrou-se sobre o próprio rosto.
Enquanto dava seus passos naquele local tão conhecido, onde mantinha a
comunhão com o Pai celeste, nosso querido Jesus, sentia sua alma cada
vez mais abatida de agonia.
Nesse
momento, nosso Cristo decidiu caminhar não por suas próprias vistas,
não pelos seus próprios sentimentos, nem mesmo pela sua própria razão.
Nosso Salvador, decididamente concordou andar pela fé retendo seu
próprio desespero e medo por aquilo que em breve aconteceria. Os passos
na direção do monte das Oliveiras, decididamente , eram passos de fé,
porquanto nosso Deus Jesus, plenamente Deus, também era homem Jesus,
plenamente homem.
A
tristeza já tomara aposento no coração de Jesus quando entrou no
Getsêmani. Ele, nosso exemplo, desconsiderou a própria tristeza e agonia
para buscar o Pai em oração.
Quantas
vezes não colocamos desculpas em nossas próprias tristezas, em nossas
próprias agonias, como refugo para deixar de estar em comunhão com o
Pai? Entretando, devemos considerar que em meio às tristezas, agonias e
desesperos, somente no Pai, em comunhão de oração, temos refúgio e
abrigo seguro (no nome de Jesus)!
Nosso
abatimento não deve abortar nossos passos na direção do amor do Pai;
mesmo que diante dos conflitos, batalhas e guerras, nos acheguemos a Ele
como quase moribundos e decaídos , mas devemos caminhar na direção de nossos joelhos.
"dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua." (Lc 22.42)
O
teor da oração de Cristo é notório. Sobretudo porque ele não ora pela
sua própria vontade, mas pela vontade do Pai. Nosso Salvador se interpõe
sobre o seu próprio ensino sobre o oração como um produto na vitrine de
uma loja (em destaque). Em Mateus, Capítulo 5, Ele ensina que devemos
buscar a vontade do Pai, e, observando sua vida de oração, nela, devemos
nos espelhar, orando sem cessar para que não entremos em tentação.
Concluímos também que não há exceção para buscar a vontade de Deus. Poderia ser assim: "Seja
feita a sua vontade, tanto na terra como no céu, exceto nos casos em
que eu esteja profundamente tenso, estressado, nervoso, em agonia ou em
desespero." Mas não é assim, não há exceção para buscar a vontade do Pai em oração.
O
que era o cálice? Há quem sustente que o cálice seriam os sofrimentos
pelos quais Jesus iria passar, e, somente isso. Mas além destes
sofrimentos é razoável argumentar que o cálice também está relacionado
com 2 Coríntios 5.21, donde se lê: "Aquele que não cometeu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus." Claramente,
Cristo teria, dali para frente que travar uma guerra, tendo em sua
"mochila" os pecados de toda a humanidade; o peso era tremendo.
"E apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava." (Lc 22.43)
Há
versões que exprimem "encorajava", "animava", "confortava" ou
"fortalecia". De fato, diante da debilidade de Jesus, Deus permitiu o
auxílio, encorajamento e conforto do anjo. Novamente, pudemos perceber o
estado de fragilidade humana de Cristo. "Em todas as coisas foi tentado, mas não pecou." Jesus recebeu auxílio de um anjo. Não há base bíblica de que quando orarmos e estivermos em fraqueza, teremos o auxílio de um anjo mandado do Pai.
Entretanto, o Espírito Santo pode nos fortalecer e dirigir em nossas orações, como vemos em Romanos
8.26:"E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas;
porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo
Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis."
"E,
posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em
grandes gotas de sangue que corriam até ao chão." (Lc 22.44)
Lee
Strobel, autor do livro - Em defesa de Cristo: "Jesus foi com seus
discípulos para o monte das Oliveiras, especificamente ao Jardim do
Getsêmani. Ali, você deve lembrar, ele orou a noite inteira. Nesse
processo, ele estava antevendo os eventos que ocorreriam no dia
seguinte. Como sabia quanto sofrimento teria de suportar, foi bastante
natural que experimentasse muito estresse psicológico."
Sobre o suar sangue - "Essa
é uma condição médica conhecida, chamada Hematidrose. Não é comum, mas
está ligada ao alto Grau de estresse psicológico.O que acontece é que a
ansiedade extrema ocasiona a liberação de substancias (produtos) que
rompem os vasos capilares nas glândulas sudoríparas. Em consequência,
essas glândulas sangram um pouco, e o suor brota misturado com o
sangue."
A
menos que estivesse extremamente quente, já na alta noite, podemos
supor que Cristo, no monte das Oliveiras passou muito tempo em oração.
Lá, foi travada uma batalha, uma guerra. Jesus guerreou em oração contra
o medo, o pavor, a angústia, buscando no suor e sangue, em súplica, a
força em Deus para cumprir a vontade divina.
O termo "orava mais intensamente" denota
a ideia de batalhar com toda a força. A palavra no grego aqui usada
implica nesta ideia. Há algumas passagens onde o verbo desta palavra no
grego foi usado:
"Esforçai-vos
por entrar pela porta estreita."(Lc 13.24); "Para isso é que me
afadigo, esforçando-me o mais possível." (Cl 1.29); "Combati o bom
combate, completei a carreira, guardei a fé." (2 Tm 4.7)
Conclui-se,
sem muitos esforços que Jesus estava concentrando toda a sua força,
como um guerreiro para cumprir a vontade do Pai, como um atleta que
busca o troféu ou o soldado disposto a guerrear.
Naquele
Jardim, Jesus venceu! Mas porque Jesus venceu? O que indica que Ele
alcançou a vitória? O fato de Jesus ter podido fracassar, porque fora
tentado, sinaliza a sua vitória sobre a morte, o pecado e Satanás.
Porque, semelhantemente, como nós foi tentado em todas as coisas, porém,
sem pecado.
O
caminho de nossa salvação começou naquela guerra de agonia, e seu
sangue começou a gotejar por nós no Monte das Oliveiras, e ao final, na
cruz de madeira no Calvário.
Se
você está vivendo uma guerra, uma batalha, Cristo venceu guerreando por
você, a fim de que você e eu pudéssemos estar, em confiança diante do
Pai, em oração, para lograr êxito sobre as tentações e buscar Nele as
forças em nossas petições.
Existirão
momentos em que nas nossas vidas acontecerão duas coisas. Ou cairemos
em tentação por estarmos despercebidos de que temos que guerrear, ou
teremos que guerrear em oração quando vier a tentação. Muito mais que na
guerra, Deus também nos quer na paz, mesmo que pela guerra, Deus também
nos quer na paz, mesmo que pela guerra tenhamos que passar.
"E levantando-se da ração, foi ter com os seus discípulos e achou-os dormindo de tristeza."(Lc 22.45)
(Gabriel Monteiro, pregação 2º Semestre de 2015, na PIB de Porto Feliz/SP)