domingo, 28 de fevereiro de 2016

Ana: Alegria ao entregar o filho.


Texto 1 Samuel, Capítulos 1. Capítulo 2.1-11 e 2.18-21 

 "1.1 Houve um homem de Ramataim-Zofim, da região montanhosa de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Zufe, efraimita. 
1.2 Tinha ele duas mulheres: uma se chamava Ana, e a outra, Penina; Penina tinha filhos; Ana, porém, não os tinha.
1.3 Este homem subia da sua cidade de ano em ano a adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos, em Siló. Estavam ali os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, como sacerdotes do SENHOR.
1.4 No dia em que Elcana oferecia o seu sacrifício, dava ele porções deste a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos e filhas.
1.5 A Ana, porém, dava porção dupla, porque ele a amava, ainda mesmo que o SENHOR a houvesse deixado estéril.
1.6 (A sua rival a provocava excessivamente para a irritar, porquanto o SENHOR lhe havia cerrado a madre.)
1.7 E assim o fazia ele de ano em ano; e, todas as vezes que Ana subia à Casa do SENHOR, a outra a irritava; pelo que chorava e não comia.
1.8 Então, Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que estás de coração triste? Não te sou eu melhor do que dez filhos?
1.9 Após terem comido e bebido em Siló, estando Eli, o sacerdote, assentado numa cadeira, junto a um pilar do templo do SENHOR,
1.10 levantou-se Ana, e, com amargura de alma, orou ao SENHOR, e chorou abundantemente.
1.11 E fez um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.
1.12 Demorando-se ela no orar perante o SENHOR, passou Eli a observar-lhe o movimento dos lábios,
1.13 porquanto Ana só no coração falava; seus lábios se moviam, porém não se lhe ouvia voz nenhuma; por isso, Eli a teve por embriagada
1.14 e lhe disse: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti esse vinho!
1.15 Porém Ana respondeu: Não, senhor meu! Eu sou mulher atribulada de espírito; não bebi nem vinho nem bebida forte; porém venho derramando a minha alma perante o SENHOR.
1.16 Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial; porque pelo excesso da minha ansiedade e da minha aflição é que tenho falado até agora.
1.17 Então, lhe respondeu Eli: Vai-te em paz, e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste.
1.18 E disse ela: Ache a tua serva mercê diante de ti. Assim, a mulher se foi seu caminho e comeu, e o seu semblante já não era triste.
1.19 Levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o SENHOR, e voltaram, e chegaram a sua casa, a Ramá. Elcana coabitou com Ana, sua mulher, e, lembrando-se dela o SENHOR,
1.20 ela concebeu e, passado o devido tempo, teve um filho, a que chamou Samuel, pois dizia: Do SENHOR o pedi.
1.21 Subiu Elcana, seu marido, com toda a sua casa, a oferecer ao SENHOR o sacrifício anual e a cumprir o seu voto.
1.22 Ana, porém, não subiu e disse a seu marido: Quando for o menino desmamado, levá-lo-ei para ser apresentado perante o SENHOR e para lá ficar para sempre.
1.23 Respondeu-lhe Elcana, seu marido: Faze o que melhor te agrade; fica até que o desmames; tão-somente confirme o SENHOR a sua palavra. Assim, ficou a mulher e criou o filho ao peito, até que o desmamou.
1.24 Havendo-o desmamado, levou-o consigo, com um novilho de três anos, um efa de farinha e um odre de vinho, e o apresentou à Casa do SENHOR, a Siló. Era o menino ainda muito criança.
1.25 Imolaram o novilho e trouxeram o menino a Eli.
1.26 E disse ela: Ah! Meu senhor, tão certo como vives, eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, orando ao SENHOR.
1.27 Por este menino orava eu; e o SENHOR me concedeu a petição que eu lhe fizera.
1.28 Pelo que também o trago como devolvido ao SENHOR, por todos os dias que viver; pois do SENHOR o pedi. E eles adoraram ali o SENHOR.


2.1 Então, orou Ana e disse: O meu coração se regozija no SENHOR, a minha força está exaltada no SENHOR; a minha boca se ri dos meus inimigos, porquanto me alegro na tua salvação.
2.2 Não há santo como o SENHOR; porque não há outro além de ti; e Rocha não há, nenhuma, como o nosso Deus.
2.3Não multipliqueis palavras de orgulho, nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o SENHOR é o Deus da sabedoria e pesa todos os feitos na balança.
2.4 O arco dos fortes é quebrado, porém os débeis, cingidos de força.
2.5 Os que antes eram fartos hoje se alugam por pão, mas os que andavam famintos não sofrem mais fome; até a estéril tem sete filhos, e a que tinha muitos filhos perde o vigor.
2.6 O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir.
2.7 O SENHOR empobrece e enriquece; abaixa e também exalta.
2.8 Levanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do SENHOR são as colunas da terra, e assentou sobre elas o mundo.
2.9 Ele guarda os pés dos seus santos, porém os perversos emudecem nas trevas da morte; porque o homem não prevalece pela força.
2.10 Os que contendem com o SENHOR são quebrantados; dos céus troveja contra eles. O SENHOR julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei e exalta o poder do seu ungido.
2.11 Então, Elcana foi-se a Ramá, a sua casa; porém o menino ficou servindo ao SENHOR, perante o sacerdote Eli."
(...)


"2.18 Samuel ministrava perante o SENHOR, sendo ainda menino, vestido de uma estola sacerdotal de linho.

2.19 Sua mãe lhe fazia uma túnica pequena e, de ano em ano, lha trazia quando, com seu marido, subia a oferecer o sacrifício anual.

2.20 Eli abençoava a Elcana e a sua mulher e dizia: O SENHOR te dê filhos desta mulher, em lugar do filho que devolveu ao SENHOR. E voltavam para a sua casa.

2.21 Abençoou, pois, o SENHOR a Ana, e ela concebeu e teve três filhos e duas filhas; e o jovem Samuel crescia diante do SENHOR."

Elcana, Ana e Penina.

O marido e as duas esposas subiam de ano em ano para sacrificar ao Senhor. Penina, mulher abençoada. Quantos filhos tinha! Ana, se sentia desgraçada, sem prole. Não estava feliz; tinha que conviver com as afrontas e provocações de Penina quando subiam  à Casa do Senhor.

Elcana, embora fosse um bom marido para Ana, não era suficiente. Nesta, a tristeza batia à porta de seu coração. E foi a partir de seu coração que nessas ocasiões em que estavam em Siló que Ana orou ao Senhor.

Sua prece fora silenciosa. E embora o sacerdote Eli estivesse presente sua súplica faz-nos lembrar do ensino de Jesus sobre oração. O ensino de que devemos orar ao nosso Pai em secreto e, Ele, em secreto no recompensará (Mateus 6.6).

Mesmo perto, Eli estava longe de Ana e ali estava Ana e o Senhor. Ali estava a súplica e o Senhor. O quarto fechado de Ana era o seu coração, do qual o sacerdote estava do lado de fora. Quanto silêncio! Mas Ana falava tanto de seu coração, esta mulher se derramava diante do Senhor.

Entre tantas palavras, desabafos e lamentações havia fé capaz de pedir a Deus por um milagre. Junto a esta fé pactuava-se um compromisso: "Senhor dos Exércitos! Se deres atenção à aflição de tua serva, mas lhe deres um menino, eu o dedicarei ao Senhor por todos os dias da sua vida, e navalha não passará pela cabeça dele. (1.11)

Glória ao Senhor! A estéril engravidou, terá um filho! O menino nasceu!

Nascido o bebê, Ana começou a cuidá-lo com carinho e afeto. Foi então, que chegou o momento do ano em que todos deveriam partir para sacrificar ao Senhor. Interrogada se iria à Casa do Senhor, a mulher disse: "Partirei quando o menino for desmamado e na oportunidade lhe entregarei ao Senhor para sempre! (1.22)

Durante certo tempo Ana tinha seu pequeno Samuel em seus braços; sabia que era pouco tempo, mas o tinha!

Chegou o tempo da criança ser entregue ao Senhor, e juntos iam um touro de três anos, um efa de farinha e um recipiente de couro cheio de vinho (1.24). Agora Ana voltava ao lugar donde correram muitas lágrimas, do local donde derramara-se a Deus. Ana voltava com a resposta e confirmação da oração que dedicou a Deus.

Elcana, Ana e Samuel foram à casa do Senhor. Elcana e Ana voltaram. Permaneceu Eli, o sacerdote e Samuel.

Após o menino ser entregue, Ana orou ao Senhor, adorou a Deus: "Meu coração exulta no Senhor"(2.1). Meu coração se alegra no Senhor! Ana estava radiante e mais grata a Deus como nunca. Qual conclusão tiramos? A alegria de Ana não era natural. Afinal, qual mãe estaria alegre entregando seu próprio filho, sabendo que estaria longe dele? A obra de Deus (o nascimento de Samuel) reverteu em cântico para a sua própria glória!

Agora Ana estava voltando. Já havia louvado a Deus e tinha sido abençoada com um menino. Mas com ele longe, como seria?

A narrativa continua e revela que Ana continuou forte e confiante no Senhor. Deus tinha lhe concedera o menino, mas agora o garoto estava longe. 

Enquanto Samuel ministrava perante o Senhor, Ana, ainda sem saber como seria o seu futuro, de ano em ano, tecia uma túnica pequena para Samuel levando-a ao mesmo. A narrativa bíblica não declara quanto tempo Ana esteve confeccionando e levando as túnicas para o filho. Entretanto, pela interpretação podemos concluir que este ato da mulher era rotineiro (anual) e durou ao menos por duas ocasiões.

Esta mãe permaneceu por 2 anos (no mínimo), lembrando-se do que o Senhor tinha feito por ela e mostrava sua gratidão a Deus fazendo as túnicas, expressando seu amor a Deus primeiramente, e depois, a Samuel.

Como fecho para a história, observamos posteriormente que Ana alcançou novamente o favor do Senhor e gerou mais 3 filhos e duas filhas (2.21).  Mas, antes disso, a mulher confiou em Deus com sua fé, com gratidão, confeccionando as túnicas.

A história acima faz-nos lembrar de algumas verdades bíblicas:

1) Os propósitos de Deus têm um tempo para se cumprir:  A angústia de Ana não foi repentina. Houve o momento certo para a benção de Deus.

2)Há bençãos do Senhor que ultrapassam nossas próprias vidas, os propósitos de Deus são maiores que os nossos: Samuel seria benção não somente para os próximos, mas também à Israel.

3) Os atos do Senhor são feitos para retornar em louvor para a sua própria glória e não para a nossa: Mesmo sabendo que ficaria longe do filho, Ana alegrou-se no Senhor. Que mãe se alegra com a partida do filho? Percebemos que tal gozo fora sobrenatural. Em Gálatas 5.22, vemos que a alegria é um dos frutos do Espírito. Esta felicidade está disponível aos crentes em Cristo Jesus.

Há momentos que podem parecer momentos de lamentação. Lamentação porque aquele tempo tão bom passou. Entretanto, se esperarmos em Deus (não importando como será o futuro), Ele produzirá gratidão em nossos corações, capaz de fazer-nos exercitar nossa fé através de obras  de bondade ao próximo. Que produzamos túnicas aos nossos próximos, e cumpramos o principal dos mandamentos do Senhor: Lo amemos de todo coração e ao nosso próximo como a nós mesmos.

Não importa nossa dificuldade, temos todos os recursos em Cristo Jesus para esperar, e, em nossa espera exercer nossa liberdade sem lamentações mas obrando ao Senhor, pela fé em Jesus Cristo! O momento não é de lamentação e sim de "produzir túnicas ao próximo".

Sabemos que com Jesus, tudo terminará bem. Pois, nossa pátria está nos céus e nossa esperança, nossa lembrança, nosso ânimo deve estar em Deus. Ele é capaz de continuar fazendo-nos avançar. Quando não o conhecíamos, nos salvou.

(Gabriel Monteiro; mensagem pregada na PIB de Porto Feliz em meados de 2015)


Nenhum comentário:

Postar um comentário