quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O Coliseu de Roma - Saiba detalhes curiosos e sórdidos da história do antigo anfiteatro romano


O Coliseu


Quem nunca ouvira sobre o Coliseu? Esta majestosa construção que remonta ao primeiro século da era cristã é cercada de curiosidades e mistérios. Conhecida como a arena de épicas batalhas entre gladiadores, a arquitetura histórica possui importantes detalhes trazidos pelos séculos, merecedores especial atenção. Saiba um mais sobre as curiosidades históricas do grande monumento romano.

Considerado entre as grandes construções antigas pela sua arquitetura ostensiva e imponente, o anfiteatro "Coliseu"  atrai muitos visitantes para Roma,  na Itália.  Entretanto, sua beleza é contrastada com a obscura e sangrenta história de mortes e violência, com os mais vis e cruéis atos de brutalidade e atrocidade cometidos em crianças, mulheres, idosos e homens inocentes.

Sim,  a construção é majestosa. Mas o passado é sádico, não me permito admirá-lo. Comparo o Coliseu do primeiro século a um açougue de carne humana, feito para saciar a sede da platéia romana.

Histórico e a construção

A edificação iniciou-se em 72 d.C. na cidade de Roma no lugar de um viveiro de peixes localizado nos jardins do pretérito Imperador Nero. O projeto levou 8 anos e contava com mais de 30 mil pessoas em contínuo trabalho. O majestoso empreendimento seguiu-se com seus jogos sanguinolentos até o sexto século, ao menos. Observando as suas ruínas podemos ter noção de quais eram as dimensões, e isso, graças ao trabalho de historiadores antigos; 155 metros de comprimento, 36 de largura e 49 de altura, cobrindo um espaço de 24.000 m². Realmente dimensões incríveis.

Para mais detalhes históricos sobre a citada arena romana, veja o vídeo abaixo do Documentário Reescrevendo a História  - Coliseu (Discovery Civilization).




Os espetáculos e atrações do Coliseu

Geralmente as atrações iniciavam às dez horas da manhã e duravam todo o dia. E assim, enquanto houvesse claridade, haveria vítimas, haveria sangue. Exporemos os "acontecimentos" mais recorrentes da platéia do Coliseu.

1 - FERAS FERIDAS, A MATANÇA DE ANIMAIS

Pode parecer absurdo, mas essa barbárie divertia a platéia. Vejamos um triste relato de como os animais eram tratados: "Porém a diversão mais comum do Coliseu era o combate com as feras e os gladiadores. Os animais eram postos a lutar uns com os outros, e depois com os homens; e por último, os homens com os seus companheiros. Quando as feras eram postas na arena para lutar entre si, tudo o que pudesse provocá-las ou excitá-las era estudado com a mais cruel destreza. As cores mais detestadas pelos animais eram espalhadas em profusão à sua volta; eles eram açoitados com chicotes, e as laterais de seus corpos, rasgadas com ganchos de ferro; pratos de ferro aquecidos eram presos a eles, e bolas de fogo eram postas sobre suas costas. Assim, as feras enfurecidas corriam em volta da arena; a terra tremia ao troar de seus rugidos agonizantes. O peito inflado dos animais parecia arrebentar sob o fogo da cólera que os enlouquecia. Seus olhos faiscavam de raiva, e arrancando a areia com as garras, eles envolviam uns aos outros." (p.18, A.J. O'Reilly - Os mártires do Coliseu.)

Em outra ocasião, Eutrópio, ao referir-se a Tito relata que ele, na inauguração do anfiteatro romano, fez morrer 5000 animais. É fato que em algumas ocasiões todos os animais do viveiro eram mortos num único dia.


Não bastasse essa diversão diabólica com os bichos, os romanos envolviam humanos na luta com as feras. Havia combates com armas e proteção, e sem qualquer espécie de proteção ou material de combate. Nesta classe, estavam os criminosos, escravos ou cativos. Os cristãos estavam nesta categoria.


2 - COMBATE DE GLADIADORES E O VEREDICTO DA PLATÉIA

Geralmente os jogos eram inaugurados com uma procissão aos deuses. Após, os gladiadores eram escolhidos por sorteio onde preliminarmente combatiam com espadas de madeira até o momento oportuno onde seriam substituídas por armas mortais, situações friamente planejadas pelos administrados para causar o clima de alvoroço e excitação na multidão. Quando um dos combatentes feria notoriamente seu oponente, havia a exclamação Hoc habet!(Ele foi atingido), onde a platéia decidia o destino do derrotado; se seria polpado, ou morto. No entanto, na esmagadora parte dos casos, a multidão votava pela morte.


Acredita-se que a origem entre os combates entre os gladiadores seja de origem etrusca, quando, no ritual funerário de grandes homens, os gladiadores lutavam como em honra ao falecido. Segundo a crença pagã, de aproximadamente 260 a.C., a alma do morto se satisfaria com o derramamento do sangue. Geralmente os gladiadores eram escravos ou combatentes cativos.



3 - CÔMODO: O VENCEDOR DE MIL GLADIADORES. SERÁ?

Conheça a história do incrível(ironia) Imperador Cômodo que vencera mil gladiadores na arena. Este ato lhe rendeu um monumento em onde se esteve inscrito "Mille Gladiatorum Victor" - O vencedor de mil gladiadores. Tal ato seria realmente incrível se realmente ele tivesse conseguido realizar por mérito próprio. Segundo os relatos de Herodiano e Lamprídio, o imperador Cômodo teria entrado no Coliseu quase nu, armado com uma espada curta para combater com os gladiadores. As regras era bem simples: os oponentes estavam proibidos de feri-lo e no instante em que fossem golpeados pelo soberano, deveriam cair de joelhos, considerando-se derrotados. Desse modo, venceu mil homens deste modo... Aff! Cada um que a gente descobre!

E os mártires cristãos?

Até o aqui, tratamos sobre a origem, construção e os gladiadores. Embora isto seja importante, não é suficiente. Especialmente porque se o fizéssemos estaríamos desprezando a parte mais importante desta jornada histórica.  Vamos discorrer sobre os mártires cristãos, os servos fiéis de Jesus Cristo que entregaram suas vidas a preço de morte no Coliseu.

 Se você assistiu o documentário que mencionei (ou assistirá), percebeu que a ênfase do vídeo versou sobre a capacidade (ou não), do Coliseu em simular uma batalha naval, propiciando uma espetáculo aquático e sangrento.  Não sei o motivo, estranho...

 Bem, por isso quero me aliar a A.J. O'Reilly em seu  livro Os mártires do Coliseu, onde lamenta a falta de ênfase histórica dada aos mártires cristãos pelos guias turísticos de Roma: "Os guias de turismo irreligiosos estão nas mãos dos viajantes; livros que devotam todas as páginas à descrição das práticas infames e sangrentas do paganismo, mas não se atrevem a dedicar um parágrafo, ou mesmo fazer uma alusão, ao sofrimento dos mártires. A descrição é sobre o monumento pagão, mas nada menciona de sua conexão com os primeiros dias da Igreja." (p.13)  Infelizmente é uma verdade, que perda de oportunidade de conectar o mundo através da história ao brilhante exemplo de fé e heroísmo dos cristãos martirizados. Pudemos notar isso claramente também no citado documentário.

Ante o exposto, perguntemos: porque preservar uma arquitetura do inigualável passado do Coliseu? Ou mesmo, qual a principal finalidade na manutenção da estrondosa construção, para benefício da humanidade? Acredito que sejam boas perguntas.

Sob o viés comportamental percebemos que loucura e crueldade humana não possui limites. A sociedade dos primeiros séculos era literalmente composta por pagãos que ultrajavam os princípios das sagradas escrituras. Com a baixa moralidade/ética da população ocorre o cometimento das mais brutais atrocidades em nome do entretenimento. Atualmente, não conseguimos compreender como uma platéia de mais de 60 mil pessoas conseguiria se divertir com carnes humanas dilaceradas,  em pedaços na grande arena de jogos. Mas, o fato é que a história registra que essas mortes ocorreram.

Poderíamos pensar na engenhosidade para execução de um projeto tão pretensioso, qual seja, edificação do Coliseu. E isso nos causaria até mesmo um orgulho por saber que há quase 2000 anos o ser humano construiu o anfiteatro que pode ser visitado até os dias atuais. De fato, é sensacional constatar empiricamente que o homem fora feito à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27), significando ser capaz de criar, projetar, produzir...

No entanto, causa-nos ojeriza e vergonha o consentimento da massa pelos massacres públicos de cristãos no Coliseu. E aqui, gostaria de enfatizar minha opinião sobre qual deve ser o principal assunto quando o tema é esta incrível construção que não teve culpa por ser usada como arena de impiedades. Devemos focar na fidelidade dos crentes à sua fé em Jesus Cristo, ao evangelho.


INÁCIO DE ANTIOQUIA

E a respeito desta fé, citaremos um exemplo de liderança pastoral e fidelidade à fé em Deus: Inácio de Antioquia. Ele  foi um dos líderes da igreja, morto no anfiteatro não resistindo à morte. Considerou isso ser um privilégio, ou seja, morrer por Cristo e chegar à sua presença. Este é um trecho de suas palavras após saber de sua sentença capital: "Deixai-me ser o alimento das feras;deixai-me ir, desse modo, à possessão de Deus. Sou trigo de Jesus Cristo; portanto devo ser quebrado e moído pelos dentes dos animais selvagens, para que me torne seu pão imaculado e puro. Estômago daqueles animais que logo serão meu honrado sepulcro. Eu desejo e peço a Deus que eles não deixem nada de mim sobre a terra, para que quando o meu espírito voar ao descanso eterno, o meu corpo não seja uma inconveniência a ninguém. Então serei um verdadeiro discípulo de Cristo, quando o mundo não puder ver mais nada de mim. Oh! Oro a Deus para que assim seja; que eu possa ser consumido pelas bestas, e ser vítima do seu amor." - A.J. O'Reilly, Os mártires do Coliseu.

Embora Inácio de Antioquia seja o primeiro relato dum mártir cristão a sofrer no Coliseu, esse registro por si não garante que tenha sido o primeiro. Até a morte de Inácio o Coliseu estava em funcionamento há 27 anos. Isso faz-nos concluir que, provavelmente, muitos outros cristãos teriam sido executados no citado anfiteatro.


Independente de qualquer circunstância, estes irmãos em Cristo lutaram bravamente até a morte e não negaram sua fé. Negaram suas próprias vidas. Que estes lindíssimos testemunhos históricos possam nos inspirar a viver com mais veemência e devoção a nossa jornada evangélica. Que Cristo seja tudo em nós!





MATERIAL COMPLEMENTAR DE ESTUDO

1 - Estudo complementar sobre os mártires Perpetua e Felicitas (Em inglês).
Martires - Perpetua e Felicitas - Link

2 - Documentário Espelho dos Mártires 1 - Retrata demo mais amplo sobre a história dos mártires cristãos.



3 - Documentário Espelho dos Mártires (Parte 2)






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