segunda-feira, 30 de março de 2020

Covid-19, algumas perguntas e provocações



Olá meus queridos.

Como estão?

Nestas últimas semanas, qual o assunto do momento? É claro, sobre o Coronavírus, especialmente no Brasil. Vou compartilhar algumas percepções minha sobre a temática.

Mas, antes de começar, quero informar que este texto não segue uma exata sequência de início, desenvolvimento e conclusão, malgrado eu desenvolva argumentos nos tópicos seguintes. Por isso, sinta-se à vontade para ler os tópicos separadamente se quiser e na sequência que desejar. Apenas minhas conclusões devem ser lidas ao final, a fim de serem ajustados hermeneuticamente aos tópicos anteriores.

Primeiro, do assunto Coronavírus, há outros temas de discussão. Exemplos: Política, Fake news, Crise de abastecimento, Desempregos, Quarentena, a Nocividade do vírus, Colapso do SUS etc. Sim, percebemos que existem diversos desdobramentos de um único tronco: o Covid-19.

Segundo, noto a polarização extremada com relação opiniões. Exemplo: existem aqueles que defendem a absoluta quarentena enquanto outros opinam pelo retorno completo das atividades econômicas, ou seja, que tudo volte à normalidade. Assim, emergem discussões virtuais partidárias entre bolsonaristas e petistas (anti-petistas e anti-bolsonaristas).

Diante dessa simples leitura: vou realizar algumas indagações:

1º) Os defensores extremados da quarentena, consideraram humildemente as repercussões (a curto, médio e longo prazos) do atrofiamento econômico da realidade brasileira?

2º) Os aderentes radicais do retorno pleno da economia, ponderaram sobre a disseminação acerelada Covid-19 como consequência da medida?

3º) Há alguns posicionamentos para essa realidade: 

3.1 Quarentena absoluta (radicalidade)
3.2 Abertura econômica completa (radicalidade)
3.3 Quarentena parcial
3.4 Abertura econômica gradual
3.5 Sem posicionamento

Em que posição você se enquadra?

4º) Há algumas reações no tocante ao Covid-19:

4.1 Não saber o que dizer, conquanto tenha interesse pelo assunto.
4.2 Ceticismo total, beirando a irresponsabilidade, descompromisso e egoísmo;
4.3 Apavoramento total, próximo do desequilíbrio emocional
4.4 Indiferença total, reação tendente ao egoísmo e comodismo.
4.5 Equilíbrio, onde é considerado o caos e a paz (embora não sejam defendidos) como possibilidades futuras da realidade. Essa conduta  não está polarizada nos extremos, mas no centro. Nesta conduta, o indivíduo caminha entre dois pontos:

4.5.1 Centro-quarentena: defende a quarentena mas com equilíbrio e acha nociva que perdure por muito tempo a retração econômica no Brasil.
4.5.2 Centro-abertura econômica: argumenta pelo gradual restabelecimento da economia brasileira, não desprezando os períodos necessários de quarentena pelos quais devamos passar. 

5º) O Brasil, ou República Federativa do Brasil, é um país de dimensões continentais. Se fracionarmos essa territorialidade, teremos os entes federativos ou Estados-membros:

* Acre (AC)
* Alagoas (AL)
* Amapá (AP)
* Amazonas (AM)
* Bahia (BA)
* Ceará (CE)
* Distrito Federal (DF)
* Espírito Santo (ES)
* Goiás (GO)
* Maranhão (MA)
* Mato Grosso (MT)
* Mato Grosso do Sul (MS)
* Minas Gerais (MG)
* Pará (PA)
* Paraíba (PB)
* Paraná (PR)
* Pernambuco (PE)
* Piauí (PI)
* Rio de Janeiro (RJ)
* Rio Grande do Norte (RN)
* Rio Grande do Sul (RS)
* Rondônia (RO)
* Roraima (RR)
* Santa Catarina (SC)
* São Paulo (SP)
* Sergipe (SE)
* Tocantins (TO)

Fiz questão de listar a relação de todos os Estados com a finalidade de explicitar, a diversidade e complexidade do Brasil. Por isso, pergunto (ou provoco): Será valido tratar igualmente o estado de Roraima (RR) de modo igual do Estado de São Paulo (SP)? Existe coerência em estabelecer um modo de governança idêntico ao Estado de Roraima e de São Paulo? São levantamentos de respostas óbvias, mas isso apenas é um recurso para elucidar um pouco a questão.

Assim, pergunto: será um tema de fácil explicação? Será simples dizer deste modo: a solução é isso ou aquilo? A resposta para o estado de São Paulo seria a mesma para o estado de Roraima (tomando o exemplo que eu mesmo citei)? De modo semelhante, deveríamos ser categóricos em afirmar que a melhor estratégia para o combate da pandemia no Brasil deveria ser exatamente isso ou aquilo? Não seria salutar observar que durante o caminho situações novas poderiam surgir e favoreçam a necessidade de outras medidas para o bem de todos? Será que isso não sinaliza um sintoma de impaciência? Quem sabe...

6º) Qual deve ser o posicionamento do indivíduo que "prega" um determinado posicionamento sobre o tema do Covid-19? Como devemos proceder no tema, vez que é a primeira vez que todos nós estamos vivenciando essa situação?

6.1 Considerar mudar de opinião: se defendo a quarentena total, o lock-down, devo estar aberto para reconsiderar minha compreensão sobre a matéria. Isso significa assentir a humildade. Se assumo o pleno e abrupto restabelecimento econômico, deverei estar preparado para um dado que possa impactar minha opinião. Isso significa situar-se humildemente. Afinal de contas, quem daqui já viveu uma pandemia? Talvez alguns pouquíssimos homens de mais de 100 anos que viveram nos tempos da gripe espanhola...

6.2 Quando argumento considerar a mudança de opinião sobre a Covid-19 e suas repercussões, de quaisquer indivíduos, não estou advogando a preguiça intelectual nem tampouco que sejamos conteudistas voláteis. 

 A minha intenção é refletir com você a respeito do que mais importa: o bem-comum (uso bastante corrente na Ciência Política). O que é o bem-comum? O bem comum é o bem de toda a coletividade, de modo que possa trazer o possível equilíbrio e tranquilidade em todos os extratos da sociedade e economia.

 Quanto pondero sobre equilíbrio e paz, admito uma parcela de problemas em algum setor (econômico ou social), mas isso não significa que o caos venha com tamanha agressividade. E nesta esteira, o bem comum visa a coletividade como um todo. Isso não é algo fácil e, para isso, cito uma máxima bastante conhecida do universo jurídico que assevera que devemos tratar os iguais como iguais e os desiguais como desiguais na medida da sua desigualdade (Aristóteles).

 Pensando numa administração pública, é passível que deduzamos que na sociedade nem todos são iguais. Assim, não seria prudente passar a mesma régua para todos, sob o argumento de se fazer justiça social. Por isso, devem estar em pauta as ações que o também o Estado deve ter em relação às pessoas com mais necessidades. 

Esse tratamento se observa quando contemplamos diplomas jurídicos como o Estatuto do Idoso ou o Código de Defesa do Consumidor que têm como fundo axiológico justamente tutelar os direitos dos desiguais (consumidores/idosos) na medida de suas respectivas desigualdades e, tudo isso, com amparo constitucional. Nessa linha de argumentação, o Estado deve tutelar os necessitados e, assim, nosso sistema de governo permite a intervenção estatal moderada em questões sociais. Isso significa dizer que o Estado tem responsabilidade em implementar ações visando o bem-estar da coletividade, o bem-comum. 

Agora, além do Estado (quando me refiro a estado não estou me referindo ao termo Estado usualmente falado [SP, PR, SE] e sim aos Entes federativos compostos pela União, Estados-membros, Municípios e DF - todos esses representam o Estado - na República Federativa do Brasil) há responsabilidade da sociedade em promover ações que colimem o bem-comum, da coletividade em geral. 

Nesse sentido, emerge nossa responsabilidade individual de fazer o bem a todos e exercer a justiça social individualmente, primando pelo postulado aristotélico já comentado. Cabe a cada um, criticar menos e fazer mais. De modo que saiamos de nossos aposentos reais onde instilamos veementes críticas a muitos, e façamos algo para melhorar a vida de alguém neste tempo de bem peculiar de Quarentena e Coronavírus. Cabe a cada indivíduo particularmente olhar para o necessitado e velar por seu bem.

O bem-comum, de todos é mais importante que a minha a sua opinião.

7º) Sobre o caos que poderá (ou não) vir no Brasil, temos algumas polarizações que tem sido bastante discutidas:

7.1 Caos na saúde pública. Consequência: muitas mortes.
7.2 Caos no abastecimento. Consequência: muitas mortes por fome.
7.3 Caos na economia. Consequência: desempregos, e muitas mortes por via transversa.

8º) Sumarizando:

8.1 Pessoas que alegam que ocorrerá um caos no serviço de saúde (SUS), defendem a quarentena.
8.2 Pessoas que alegam que ocorrerá um caos no abastecimento de comida e produtos/serviços essenciais (com exceção da saúde), defendem a restabelecimento das atividades econômicas.

9º) Observar a experiencia italiana do Coronavírus é viável. Por isso, também é recomendável a cautela ao tratarmos do Covid-19. Isso é uma coisa. Outra coisa é defender que governo brasileiro deveria fazer exatamente  o que fez o governo italiano. Isso seria plausível se o Brasil tivesse exatamente as mesmas (ou parecidas) conjunturas econômicas e sociais da Itália. A Itália não tem dimensões continentais em seu território. Veja bem, estou criticando a defesa de uma postura governamental exatamente igual à experiência italiana no combate à pandemia (e não uma postura estatal parecida). Isso corrobora a viabilidade da quarentena assumida de uma maneira responsável e criteriosa, levando-se em conta as peculiaridades de nossa federação.


CONCLUSÕES:

1 - O assunto é demasiadamente complexo;

2 - Por ser complexo o tema, julgo ser importante assumir um posicionamento moderado no assunto. Os extremos sempre tendem ao radicalismo, ao exagero e a propensos desequilíbrios. Isso, em tempos de crise, não é nada bom. Pondere se o extremismo seria uma conduta ou posicionamento da maioria das pessoas; acho que não seria nada bom. Compreensões radicais geram condutas radicais. Nenhum de nós deseja que o "povão" não tenha equilíbrio para lidar com essa situação. Uma massa desequilibrada, da qual fazemos parte, poderá agir caoticamente se anteriormente o caos já estiver instalado em seu coração. Por isso, é fundamental o papel dos mentores do coração, da mente e intelecto, para auxiliar os apreensivos em suas angústias e temores quanto ao futuro. Esses homens (inclusas as mulheres) são pastores, psicólogos, terapeutas ou mesmo homens com sapiência ao conselho e pacificação;

3 - Finalizo com uma palavra com influência bíblica, compartilhando a minha cosmovisão cristã. Deus deseja que nossas vidas sejam equilibradas. O caos que o globo vivia, numa frenética busca pelo poder, dinheiro e reconhecimento, provocava anseios para uma respiração mais profunda, para um silêncio mais introspectivo. Para você que está de quarentena, busque buscar o Criador que se revela nas Escrituras Sagradas, na Bíblia. Se a paz não chegou a ti, ore a Deus para que ela visite seu coração. Que tenhamos sapiência para agir e pensar nesta atualidade de Covid-19 e Quarentena. 

Que Deus me conceda sabedoria neste tempo!

Que Deus te conceda sabedoria neste tempo!

(Gabriel Monteiro)







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